Como escolher um emprego agora
Desde a época de 1990, já se diz que não é apenas a empresa que escolhe o funcionário. O profissional também tem de selecionar a empresa como em um namoro. Mas só agora, num país em que amplos setores da economia vivem n situação de pleno emprego, essa cultura virou dominante. A disputa por talentos, antes restrita aos cargos mais sensíveis da empresa, aora parece se aplicar a outros escalões. De certa forma, as empresas passam por processos seletivos criados pelas pessoas. Essa é a idéia do guia As 100 Melhores Empresas Para Trabalhar, elaborado em parceria com a Great Place to Work e que será publicado por ÉPOCA na próxima edição. Neste ano, além de apontar as 100 melhores empresas grandes e multinacionais, também listamos as 30 melhores entre as pequenas e médias. “Esse tipo de levantamento é uma ferramenta útil para o profissional chegar dados como benefícios, plano de carreira e a opinião de quem trabalha na empresa”, diz Ruy Shiozawa, presidente do GPTW.
A maré de empregos poderá sofrer alguma mudança com os impactos da crise internacional. Mas os economistas não acreditem que fique desfavorável ao trabalhador. “O Brasil tem um mercado interno consumidor forte. Mesmo uma crise internacional não vai impactar em um emprego tão cedo”, diz Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diese), em 2010 tivemos as mais baixas taxas de desemprego dos últimos 13 anos. Na área de construção civil, o porcentual de empresas com falta de mão de obra qualificada passa dos 60% para cargos administrativos e chega a 81% no caso de especialistas técnicos, como engenheiros e arquitetos.
Numa situação dessas, mesmo quem vai entrar agora no mercado de trabalho se dá ao luxo de selecionar os empregadores. Para os jovens, a importância de optar por empresas afinadas com seus valores parece clara. A relações-públicas Patrícia Anducioli, de 23 anos, está busca de um programa de trainee. “Eu me inscrevi em empresas que têm políticas claras de cuidados com o meio ambiente e com o desenvolvimento de funcionários”, diz.
Mas nem sempre é fácil perceber o que é importante avaliar antes de escolher uma empresa para trabalhar. As dificuldades não têm relação com a idade necessariamente. “Há profissionais experientes que trabalham a vida inteira num tipo de companhia, estão insatisfeitos e não têm clareza de que aquele formato não os atende mais”, diz Roberta Hummel, diretora de projetos do GPTW. “É importante parar para fazer essa avaliação antes de aceitar uma proposta.”
Entender se a empresa combina com o perfil da pessoa tem sido uma preocupação das duas partes interessadas. “Detectar essa sintonia na fase da entrevista se tornou uma prioridade para os recrutadores”, diz Shiozawa, do GPTW. “No dia a dia, ela se traduz em ambientes saudáveis e relações mais duradouras.” Além da entrevista, há outras formas de conhecer a empresa candidata a empregadora. “O profissional pode buscar informações no mercado e conversar com funcionários ou ex-funcionários”, diz Iracema Andrade, diretora da consultoria Viva Talentos.
Foi o que fez a publicitária Liliane Fonseca, de 25 anos. Quando estava no último ano de graduação, ela achou que um programa de trainees daria informações suficientes para uma boa escolhe. Não foi o que aconteceu. Liliane se decepcionou com o ambiente da empresa onde foi trabalhar. “Percebi que o clima é muito importante para mim. E isso é difícil detectar num processo convencional de seleção.” A publicitária pediu ajuda a sua rede de amigos para chegar a funcionários de empresas que estavam em seu radar. Deu certo. Hoje, Liliane está na área de Recursos Humanos de uma multinacional de bens de consumo. “Conversei com uma seis pessoas antes de vir. Em uma semana, parecia que eu já trabalhava aqui havia tempos.”
Fonte: Revista Época, 18.08.2011
Em: 8/9/2011
:: MAIS RECENTES