2011: bom momento de planejar a carreira
Para a maioria das pessoas o início do ano tem um caráter emblemático. Não por acaso, esse período representa a abertura de um novo ciclo de vida, as ideias, escondidas pelo cansaço do final do ano, surgem com vigor na noite de Réveillon, intenções de mudança são declaradas, tudo parece realmente novo. Parece, não fosse o fato de boa parte dessas intenções de mudanças já terem sido declaradas no ano anterior, e no outro, e no outro… Mudanças pessoais importantes raramente são fáceis de implementar, uma vez que implicam desaprender padrões de pensamento e ação que há muito tempo se provaram bem-sucedidos. É fácil entender: já pensou se você tivesse que refletir todos os dias sobre qual a melhor forma de escovar os dentes?
O melhor momento de trocar a marcha do carro ao ir para o trabalho? As rotinas economizam nossos esforços. Por outro lado, passamos a repetir o que fizemos no passado de modo bastante parecido, ainda que as condições objetivas tenham sido alteradas. Vamos perdendo a capacidade de reflexão e de agir criativamente, ou seja, de dar respostas específicas a cada situação. A consequência disso é que nossa produtividade diminui, e muitas vezes sequer percebemos. Ao longo de muitos anos trabalhando com executivos, constatamos que vencer esse condicionamento é um dos principais desafios para aqueles que desejam ter sucesso profissional. A maioria não reserva tempo para refletir sobre a carreira, ou fazem isso de modo superficial e sem um método estruturado.
Pesquisas realizadas com executivos contratados por nossos consultores de recrutamento e seleção mostram que apenas 30% dos profissionais possuem um plano de carreira. Entre os principais problemas decorrentes disso encontram-se decisões equivocadas, perda de oportunidades de crescimento, ou realização de mudanças aparentemente vantajosas, mas que posteriormente se mostram altamente destrutivas. Planejar é um ato reflexivo, o resultado de um esforço mental e emocional consciente com vistas a fazer com o que o indivíduo alcance um estágio futuro melhor do que aquele em que está no momento. Para gerar resultados, no entanto, um plano de carreira deve ter consistência, ser abrangente e, claro, ser efetivamente colocado em prática.
A consistência de um plano de carreira decorre do quanto o mesmo está em acordo com as tendências de mercado de trabalho e da capacidade de satisfazer os interesses mais profundos do indivíduo. Não adianta criar planos fantasiosos, ignorando o ritmo de crescimento da empresa em que se está, assim como não adianta querer aproveitar oportunidades no mercado, contrárias aos nossos valores fundamentais. Isso é muito comum. Criam-se planos perfeitos, mas que não condizem com a realidade, ou definem-se objetivos ou ações que em nada interessam ao seu executor, senão pelos resultados financeiros que elas prometem gerar. Mas que plano de ação é capaz de gerar resultados sem a paixão daquele que o irá colocar em prática?
Analogamente, é comum vermos planos criados a partir de uma visão estreita da realidade. Em geral contemplam apenas objetivos e ações ligados aos resultados financeiros, esquecendo aspectos relacionados ao crescimento geral do indivíduo, tais como formação intelectual, desenvolvimento emocional ou ampliação da rede de relacionamentos. Na prática estes são decisivos para o sucesso profissional no médio e longo prazo e devem possuir metas específicas. Com relação à prática, o fundamental é que se definam prazos específicos para a realização das principais etapas, bem como que se criem indicadores de desempenho para medir o quanto se tem avançado na sua implantação. Fazer declarações como “ser capaz de realizar a ação X no tempo Y” pode ser um bom começo. Isso estabelece um compromisso mais claro com o que desejamos.
É importante lembrar que em geral não somos os melhores críticos de nossas próprias ideias. A prova final da qualidade de qualquer plano de carreira é sempre o sucesso do profissional no longo prazo. Porém, esperar até sua total implantação para saber se o mesmo era bom ou ruim não é o melhor caminho. O assessoramento de um profissional especializado em desenvolvimento de carreira pode ser valioso. Seu papel inclui referências sobre a qualidade do projeto, um bom método de trabalho, garantir informações atualizadas sobre o mercado e assegurar que o indivíduo vá fundo tanto no conhecimento de suas próprias vontades, como na implementação daquilo que se propôs fazer. Ótimo planejamento para seu ano de 2011.
Por: Sebastião de Oliveira Campos. Disponível em: http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=8&id_noticia=360812
Em: 10/2/2011
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